Os coelhos da Páscoa não existem!
Pelo menos é o que muita gente pensa. E dizem:
Um coelho é um coelho, quer esteja na coelheira ou no campo. E não põe ovos. Então como é que podia trazê-los pela Páscoa?
Além do mais, um coelho não consegue abrir uma porta ou saltar uma vedação. E onde é que ia arranjar um cesto para pôr os ovos, se mesmo assim os tivesse?
Ainda por cima, todos os coelhos têm medo dos homens! É triste, mas é assim!
Contudo, seria maravilhoso se imaginasses um coelho da Páscoa só teu.
Ora aqui está ele! Tem mais ou menos a tua altura e umas belas orelhas compridas.
Já está vestido com um fato de todas as cores e traz às costas um cestinho com todas as tuas prendas.
Vem a tua casa! Atravessa prados, bosques e salta por cima de todos os ribeiros. Oh! Olha uma raposa a tentar apanhá-lo!
Mas o coelho não tem medo nenhum.
– Sou o coelho da Páscoa — diz ele calmamente.
– Oh, as minhas desculpas! — responde-lhe a raposa.
O teu coelhinho chega a uma cidadezinha. Vem um cão a ladrar com toda a força, mas quando vê que é o coelho da Páscoa, abana a cauda alegremente.
O coelho da Páscoa passa por cima das sebes, atravessa jardins e chega finalmente à soleira da tua porta.
Mete a ponta de uma das suas longas orelhas na fechadura e roda-a muito devagarinho e com muito cuidado. E pronto, a orta abre-se.
Está agora a esconder os ovos e muitas outras coisinhas que trouxe. E quando tu acordares no domingo de Páscoa e encontrares os ovos, vais ter a certeza de que… foi o teu coelho da Páscoa que trouxe tudo!
Ele fez toda esta longa viagem por tua causa. E é o coelho da Páscoa mais bonito do mundo porque foste só tu que o imaginou!
Tradução e adaptação
Winfred Wolf Le Lapin de Pâques Paris, Casterman, 1987