No final da tarde, quando o sol estava prestes a ir embora, um lindo cervo, muito veloz, corria pelas montanhas com os seus amigos, quando sentiu sede.
– Estou com muita sede! – disse aos amigos.
– Também, pelo tanto que você correu deve estar mesmo! – falou o outro cervo.
– Vou procurar água para beber! Nos vemos depois.
– Certo. Mas tenha cuidado! – os amigos falaram ao cervo, que já se afastava.
Muito cansado, após ter andado bastante pelas campinas, finalmente encontrou um lago. Parou ali mesmo, feliz por ter encontrado um pouco de água para beber.
Aproximou-se do lago e viu a si mesmo refletido na água cristalina.
Ficou admirado com a sua beleza e com o quanto havia crescido.
Realmente, o cervo possuía uma beleza admirável! Era forte, veloz, seus pelos eram marrons, mesclados com tons mais claros, que o diferenciava dos outros. Possuía também lindos chifres em formas de arcos, que eram o seu maior orgulho.
– Uauuuu! Como cresci! Fui agraciado com lindos chifres. Os mais belos de todos! – o cervo falou, enquanto admirava seu reflexo nas águas.
– Ah! Por outro lado, estou decepcionado por ter essas pernas tão magrinhas… – disse o cervo envergonhado enquanto ainda observava suas pernas miúdas.
Ele saciava a sede, quando ouviu um ruído vindo do fundo das campinas e assustou-se! Logo sentiu o cheiro da onça que se aproximava e saltava dentre as folhas e avançava em sua direção.
Imediatamente começou a correr. Estava desesperado, sabia que corria muito perigo. Pegou vários atalhos para que pudesse se livrar da onça, que teimava em segui-lo.
Apesar de ser mais rápido que a onça e conseguir abrir certa distância dela, em um momento de descuido, o cervo não viu uma árvore repleta de galhos que estava bem à sua frente. Para piorar a situação, seus belos chifres se enroscaram nos galhos emaranhados da árvore, impedindo-o de fugir.
A onça o alcançou com facilidade e, assim que estava próxima o suficiente, mordeu a sua coxa.
O cervo, que não havia desistido, começou a se debater. Após fazer muita força, suas pernas, das quais tanto havia se envergonhado, foram capazes de ajudá-lo a se libertar dos galhos e da mordida da onça. Livre, ele aplicou um forte coice na onça que, zonza com a pancada, acabou fugindo.
– Ufa! Essa foi por pouco! – falou o cervo aliviado, assim que se viu longe do perigo.
No fim, os seus belos chifres do cervo e o seu reflexo colocaram em risco sua própria vida, enquanto suas pernas finas, o salvaram do grande perigo!
Moral da História: Com frequência, nos preocupamos mais com a aparência das coisas inúteis e deixamos de lado aquilo que é importante.
(Escrito por Merari Tavares)