Era uma vez, nas matas do Brasil, um menino travesso chamado Saci-Pererê. Ele era diferente de todos: tinha apenas uma perna, mas pulava tão rápido que ninguém conseguia alcançá-lo. Usava sempre um gorro vermelho mágico, que lhe dava poderes de aparecer e desaparecer quando bem entendesse. Além disso, vivia assobiando e aprontando travessuras por onde passava.
O Saci adorava brincar com os viajantes que cruzavam a floresta. Muitas vezes escondia objetos, apagava o fogo das lamparinas ou fazia nós nas crinas dos cavalos. Quem acordava de manhã encontrava os bichos todos embolados sem entender nada. Diziam também que ele se divertia azedando o leite das vacas e trocando as panelas de lugar nas cozinhas. Mas, apesar das travessuras, o Saci nunca fazia mal de verdade; apenas queria rir e se divertir com o espanto das pessoas.
Quem ouvia um assobio no meio da mata, especialmente ao cair da noite, sabia que o Saci estava por perto. Rapidamente, folhas secas rodopiavam, formando um redemoinho. No centro dele, lá estava o menino de gorro vermelho, pulando de um lado para o outro com sua única perna, rindo alto de suas próprias artes.
Havia quem acreditasse que, se alguém conseguisse pegar o gorro do Saci, teria poder sobre ele. Muitos tentaram, mas poucos tiveram coragem. Afinal, o Saci era ágil e podia desaparecer num piscar de olhos. Outros diziam que para capturá-lo era preciso jogar uma peneira sobre o redemoinho e, assim, prender a travessura dentro dela. Mas não era fácil: o Saci sempre escapava na última hora.
Apesar de suas estripulias, o Saci também era conhecido por proteger a floresta. Ele assustava caçadores que entravam apenas para destruir os animais, pregava peças em lenhadores que derrubavam árvores sem necessidade e ajudava a manter o equilíbrio da mata. Quem o respeitava e pedia licença ao entrar na floresta geralmente não tinha problemas, mas quem zombava ou fazia maldades acabava levando um bom susto.
Com o tempo, as histórias do Saci-Pererê se espalharam por todo o Brasil. Nas rodas de conversa à beira da fogueira, nas noites de vento, sempre havia alguém para contar uma aventura sobre o menino de uma perna só que aparecia em redemoinhos. Para uns, ele era apenas um brincalhão; para outros, um guardião da natureza. Mas todos sabiam que, se escutassem um assobio misterioso e vissem o vento rodar de repente, era sinal de que o Saci estava por perto, pronto para mais uma travessura.



