Era um dia igual aos outros. O gato Pog estava sentado, quieto como uma estátua, a ver os passarinhos voar.
– Bom dia! — disse Pog, saudando um dos passarinhos.
Este agitou as asas e aterrou junto dele. Então Pog olhou-o fixamente: nunca tinha visto um pássaro tão corajoso.
O passarinho logo começou a cantar. Pog achou que aquela melodia era a mais bela que alguma vez ouvira.
Então o gato fechou os olhos e pôs-se a escutar, deliciado.
Um a um, foram chegando mais pássaros, que começaram a cantar, por sua vez. Em breve, Pog estava rodeado de música.
E finalmente estava feliz.
– Olá! — saudou Peg, um outro gato, chegando junto dele. — Queres brincar?
– Está bem — concordou Pog, sorrindo.
– Podemos caçar ratos — sugeriu Peg.
– Não vi nenhuns — confessou Pog.
– Olha um passarinho! — exclamou Peg.
– Este pássaro canta para mim — contou Pog.
– Vamos caçá-lo! Vai ser divertido — propôs Peg. Pog pensou um pouco.
– Está bem — assentiu, sorrindo.
Então saltaram ambos sobre o pássaro, que guinchou e voou dali.
– Isto é divertido — riu Pog.
– Vamos ver se há mais — sugeriu Peg.
Então foram em busca dos pássaros. Perseguiram-nos o dia todo.
– Já não vejo mais nenhuns — queixou-se Peg.
– Devem ser horas de ir para casa — disse Pog.
Portanto, na manhã seguinte, Pog estava novamente sentado, à espera de que o passarinho fosse cantar para ele.
– Bom dia! — saudou quando o viu. A avezinha não lhe prestou atenção.
Chamou todos os pássaros, um a um, mas todos passaram por ele sem lhe prestarem atenção.
Quando Peg chegou, Pog estava muito triste.
– Os pássaros já não vêm ter comigo! — exclamou.
– Claro que vêm! — assegurou por fim o Peg.
Tentaram chamá-los juntos, mas nenhum apareceu.
– Não passam de pássaros — desdenhou Peg. — Esquece-os e vem brincar comigo.
– Não, não vou. Adoro pássaros e quero que cantem para mim — disse Pog.
E sentou-se de novo quieto como uma estátua. O sol nasceu e pôs-se e Pog continuava sentado.
Finalmente, o passarinho veio ter com ele. Pog ficou hirto, sem se atrever a mexer.
– Desculpa — disse ao passarinho. — Nunca mais te assustarei. A ave começou a cantar. Mas, de repente, Peg saltou sobre ela.
– Assustaste a minha amiga — queixou-se Pog.
– Desculpa — disse Peg.
Ela tinha vindo cantar para mim.
– Achas que ela também pode cantar para mim? — perguntou Peg.
– Talvez, mas tens de ficar quieto como uma estátua — disse Pog. Peg tentou.
– A tua cauda está a mexer — sussurrou Pog.
– Desculpa — disse Peg.
Finalmente, o passarinho aproximou-se.
– Não te mexas! — murmurou Pog. A ave começou a cantar.
– Que som maravilhoso — suspirou Peg.
Então aproximaram-se mais alguns pássaros e, em breve, Pog e Peg estavam rodeados de melodias esplêndidas.
– Nunca mais vamos caçar passarinhos — decidiu Pog.
– Nunca — concordou Peg.
– Só caçaremos ratos!
Jane Simmons Pog and the birdies
London, Orchard Books, 2004 Tradução e adaptação