Era uma vez um porquinho muito dorminhoco. Fosse pelo que fosse, não conseguia levantar-se de manhã. Todos os seus amigos da quinta lhe falavam da beleza da manhã e lhe explicavam o que estava a perder, mas não adiantava nada.
Não era capaz de sair da cama!
De manhã, então, o primeiro animal a acordar era o Galo. Voava para cima da casa do porquinho e cantava
– Có Có Ró Có Có!
Cinco vezes para ter a certeza de que todos o ouviam. Todos os outros animais SALTAVAM imediatamente da cama. Mas o porquinho… continuava a dormir.
Mas quando o sol se levantava, a Ovelha e a Vaca trotavam pelo prado onde as gotas do orvalho brilhavam na erva, tornando-a doce e boa para comer.
O pato corria para o lago, metia um pé na água e sorria ao ver os primeiros reflexos do dia na superfície da água.
A Galinha corria toda satisfeita pelo terreiro, cacarejando, bicando e arranhando a palha – depois sentava-se…
Tinha posto um ENORME ovo branco!
Mas ninguém queria perder a manhã. Exceto o porquinho. Todos os dias era a mesma coisa.
O Galo chamava:
“Levanta-te, Dorminhoco!”
O Porquinho abria a boca e BOCEJAVA!
Por fim, lá se levantava e corria para o prado.
“Mas, quem é que está a devorar a erva toda?”, resmungava.
O Porquinho então corria para o lago. “Quem é que agitou a água e a tornou lamacenta?”, resfolegava.
Corria para a quinta. “Quem é que pôs este ovo na minha palha limpinha?”, grunhia.
Era a mesma coisa todos os dias. Quando o Porquinho se levantava, já toda a erva tenrinha tinha sido comida, já não havia água limpa no lago nem palha limpa no terreiro, para ele se deitar.
“Só há uma coisa a fazer”, suspirou o Porquinho. “Tenho de levantar-me à mesma hora que os outros.”
Mas nessa noite, o Porquinho foi para a cama a horas. E, para ter a certeza que acordava ao cantar do Galo, o Porquinho pôs o despertador pela primeira vez na vida.
O novo dia amanheceu. Trrim… Trrim……tocou o despertador do Porquinho.
O Porquinho acordou!
Ficou surpreendido por ver como me sabia bem acordar a horas, para variar. Pôs-se a ver se ouvia o Galo. Mas só escutava o silêncio. Olhou para o céu e viu que o sol estava a começar a levantar-se.
O Porquinho correu para o prado e comeu a erva tenrinha antes de o sol secar o orvalho.
Era a erva mais gostosa que comera em toda a sua vida.
Então o Porquinho correu para o lago e admirou o seu reflexo na água espelhada e límpida.
E bebeu… bebeu… bebeu.
E então ouviu o canto do Galo!
Voltou então a correr para a quinta…
“Mas quem é que comeu toda a erva fresquinha?” mugiu a Vaca. “Quem é que bebeu a água toda do lago?”, grasnou o Pato. “Vejam se adivinham!”, riu-se o Porquinho.
E daí em diante nunca mais ninguém o voltou a acusar de ser dorminhoco!
John Malam O porquinho dorminhoco Porto, Ambar, 2001
Texto adaptado