O Gato das Botas História Infantil

O Gato das Botas

Era uma vez um velho lenhador que tinha três filhos. Meses antes de morrer, reuniu em sua pequena sala os seus herdeiros e dividiu os seus bens com cada um deles. O primeiro herdou uma madeireira; o segundo, um cavalo; e o terceiro, um gato de botas.

Os dois primeiros filhos ficaram muito felizes com a herança. Porém, o rapaz que herdou o gato andava triste e pensativo.

– De que me vale este bicho? É apenas um gato! Um gato! – falou o jovem.

– Compre-me um lindo par de botas, um belo chapéu e um simples saco! Você verá do que sou capaz de fazer! – disse uma voz misteriosa.

O rapaz levou um grande susto, quando se deu conta de que seu gato havia acabado de falar.

– Ai, meu Deus! Será que estou sonhando?

– Não, meu amo! Isso é real! Confie em mim! Eu ainda o farei o homem mais rico do mundo!

Ao ouvir aquelas palavras, como não tinha muito que perder, o jovem resolveu atender ao pedido do seu animal e lhe comprou as botas, o chapéu e o saco, conforme pedido, e lhes entregou.

Cuidadosamente, o gato calçou as botas, colocou o saco nas costas e pôs o chapéu na cabeça. Agora, ele não era mais um animal qualquer. Ele havia se tornado o Gato de Botas.

– Agora, se me der licença, vou colocar meu plano em prática – disse o Gato de Botas.

– Muito astuto, o bichano foi até um bosque ali perto e armou uma armadilha com o saco que ganhou de seu amo. Minutos depois, havia caçado um coelho branco.

O gato foi então até as portas do castelo da cidade de Kent e dirigiu-se aos guardas, pedindo permissão para falar com o rei. Os guardas, que ficaram muito impressionados por ver um gato vestindo botas, aceitaram o seu pedido. Na presença do rei, o Gato de Botas disse:

– Vossa majestade, o Marquês de Carabrás manda os seus cumprimentos e lhe oferece esse belo coelho selvagem.

O rei, que gostava muito de coelho assado, aceitou.

No dia seguinte, o gato presenteou o rei mais uma vez, levando dessa vez um trio de codornas, também oferecidos em nome de seu amo.

No terceiro dia, o gato ofereceu uma delicioso par de perdizes.

O rei ficou muito agradecido pelos presentes recebidos. Sendo assim, pediu para que preparassem sua carruagem e, acompanhado de sua filha, a princesa, saiu à procura da casa do Marquês de Carabrás.

Avistando a carruagem real se aproximar, o gato ordenou ao seu amo que fosse com ele até o lago, pois ele tinha uma ideia em mente.

– O que você vai fazer? – perguntou o jovem.

– Confie em mim! Vai dar tudo certo! – tranquilizou o gato. Assim que a carruagem do rei chegou, o gato gritou: Socorro, socorro! Os ladrões roubaram as roupas de meu amo!

Imediatamente, o rei ordenou que seus servos voltassem ao castelo e trouxessem roupas novas, das mais nobres, para o rapaz. Quando os seus servos retornaram com as roupas em mãos, o rapaz foi vestido por eles e, então, convidado para subir na carruagem. Em seguida, seguiram viagem rumo ao castelo.

Enquanto isso, rapidamente, o gato corria bem à frente da carruagem real e, durante o trajeto, encontrou alguns lavradores trabalhando na terra. Ele não perdeu a oportunidade e ordenou:

– Se alguém passar por aqui e perguntar de quem são essas terras, digam que elas pertencem ao Marquês de Carabrás! Se vocês não me obedecerem, vocês serão punidos pelo rei!

Mais adiante, o gato encontrou outros lavradores e ordenou:

– Se não disserem para todos que passarem aqui que esse canavial é do Marquês de Carabrás, suas terras serão tomadas pelo rei!

Na curva seguinte, o gato ordenou a outros lavradores:

– Se vocês não disserem que esse cafezal é do Marquês de Carabrás, o café de vocês será queimado!

E assim, a cada resposta que o rei recebia das pessoas que ele conversava e perguntava sobre as terras, mais ele ficava impressionado.

– Muito sábio e habilidoso, o bichano chegou a um palácio das terras vizinhas, onde vivia um feiticeiro tirano, dono das terras.

– Olá, grande feiticeiro! – cumprimentou o gato.

– Fale logo o que tem a dizer ou saia daqui – respondeu o feiticeiro mal-educado.

– Venho porque muitos falam que você é capaz de se transformar no que quiser. Isso é verdade? – questionou o gato astuto.

– Sim, sei me transformar até em um leão!

– Hum… – disse o gato pensativo. — Transformar-se em um animal muito grande não me parece tão difícil assim. Quero ver você se transformar em um animal pequenininho, como por exemplo, um rato!

– Você está duvidando das minhas habilidades? – questionou o feiticeiro, que imediatamente se transformou em um rato, provando do que ele era capaz.

Num impulso felino, o gato avançou sobre o pequeno rato e o devorou de uma vez só.

Sendo assim, o seu amo, o Marquês de Carabrás se tornou o grande dono de todas as terras. Não somente das terras, mas também do belíssimo palácio.

Então, como prometido, o Gato de Botas fez de seu amo o verdadeiro Marquês de Carabrás, tornando-o o homem mais rico do mundo. Para completar a felicidade do rapaz, o rei concedeu a mão da princesa, sua filha, ao filho do falecido lenhador.

Por fim, o casamento foi realizado ao ar livre, numa festa linda, no lindo castelo real, à luz de velas, acompanhado de uma bela orquestra, regida pelo mais famoso maestro do reino. Todos os lavradores foram convidados e ficaram muito honrados com o convite.

Anos depois de casados, o grande Marquês de Carabrás e sua linda princesa tiveram um lindo filhinho, o Juninho, que até hoje corre pelos corredores do palácio, brincando de esconde-esconde com o seu grande amigo, o Gato de Botas!

(Escrito por Merari Tavares)