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A Boneca e o Cavalo Branco

A Boneca e o Cavalo Branco: Era uma vez uma fada que morava numa casa feita de nuvem por detrás das montanhas brancas. Essa fada apanhava os brinquedos que os meninos deitavam fora.

Pobre cavalinho — disse, ao descobrir o pequeno cavalo branco caído no chão. — Vem comigo para minha casa. Quero cuidar de ti. Precisas de uma perna nova, de ferraduras, uma sela e arreios novos.

A fada penteou-lhe as crinas e escovou-lhe o pelo até ele voltar a brilhar.

– E agora — disse — tens de conhecer os teus novos amigos.

– Boa tarde! — disse a boneca.

– Boa tarde! — disse também a raposa.

– De onde é que tu vens? — rugiu o urso.

– Um menino deitou-me fora — respondeu o cavalinho branco.

– A mim foi uma menina que me deixou ficar à chuva — disse o urso.

– Eu fiquei esquecida na praia! — exclamou a boneca.

– A mim, um menino perdeu-me na rua — disse a raposa. Mas a fada sentia-se triste.
“A minha casa não é suficientemente grande para todos os brinquedos do mundo deitados fora, esquecidos e perdidos”, pensava ela.

– Temos de consolá-la! — disse o cavalinho. — Afinal, ela salvou-nos a todos.

– Exatamente! — disseram também o urso, a raposa e a boneca. — Temos de fazer alguma coisa.

– Eu conheço um prado com flores de estrelas — disse o cavalinho branco. — Podemos ir lá colher um ramo para a fada.

– Isso pode ser perigoso — disse então a raposa. — O campo das flores é vigiado pela noite negra.

– Mas eu não tenho medo nenhum — disse o cavalinho branco.

– Eu também não tenho medo — disse a boneca, pondo a capa vermelha. Sentou-se então em cima do cavalo e saíram os dois a galope.

Mas a raposa abanava a cabeça.

– Eu conheço a noite — disse ela e, às escondidas, foi atrás deles.

– Eu — disse o urso — prefiro ficar em casa. No campo das flores, o sol brilhava.

– Oh, que flores tão lindas! — exclamou então a boneca, começando a colher o ramo.

O cavalo branco descobriu erva tensa e água no ribeiro. Estavam tão entretidos, que se esqueceram do que a raposa lhes tinha dito.

De repente, diante deles, ergueram-se umas grandes asas negras.
– Quem está a tirar as minhas flores? — disse uma voz ameaçadora. Era a noite.

A boneca e o cavalo branco quiseram fugir, mas já era tarde de mais.
A noite tinha engolido não só as flores mas também o cavalo branco.

A boneca desatou a chorar e chamava por socorro. Apareceu então a raposa.

– Não tenhas medo — disse ela. — Eu conheço a noite. Ela parece perigosa, mas nós conseguimos ser mais fortes do que ela. Aliás, nem é preciso ter medo. Ela só nos cobre com as suas asas negras para nos deixar sonhar à vontade.

A boneca pensou na fada e na casa feita de nuvem, e o medo fugiu, juntamente com a noite. Ouviu então um tilintar suave. O cavalinho branco estava de volta e, no prado, as flores começaram novamente a florir.

O cavalinho branco, a raposa e a boneca regressaram a casa de madrugada. A fada esperava-os à porta.

– Mas estava à vossa espera — disse ela.

A boneca estendeu-lhe o ramo. A fada ficou muito contente e tomou-os a todos nos braços.

Max Bolliger, Helge Aichinger Die Puppe auf dem Pferd Zürich/München, Artemis Verlag, 1975
Texto adaptado

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